Queremos ser eternidade


Quando nascemos inconscientemente já intuíamos: - Um dia a menos. É como se entrássemos em escala decrescente e os anos a mais que tanto comemoramos com alegria, nada mais é que uma contagem regressiva para nos despedirmos desse mundo. Para que nascemos então senão para morrermos a seguir? E de que vale a nossa existência se um dia passaremos a ser apenas uma mera lembrança na vida de alguém que gostava de nós (ou não)?
Não fomos preparados para ser apenas lembrança, um rosto no álbum de fotografias ou um nome numa certidão esquecida. Desde a mais tenra idade fomos projetados para passar as etapas e concluí-las com louvor. A infância e seus joelhos machucados das constantes quedas, a adolescência e sua intensidade, a vida adulta e seus altos e baixos. Era como se a cada passada de fase com sucesso, ganharíamos bônus, moedinhas ou coisas parecidas com qualquer joguinho bobo de celular. E constantemente queremos passar de fase, queremos conquistar os desafios que se impõe e dizer: - Eu venci! 
Aí em um dia inesperado deixamos de ser. O vazio começa a existir e o nada. Para nós, religiosos, nossa alma transcende e somos acolhidos em outro lugar, mas que lugar seria esse? Não sabemos. Então, passamos a não querer conviver com pessoas desconhecidas, não queremos “outra vida”, gostaríamos daquela que construímos com o passar das fases, mas vemos a fase final chegou e fomos derrotados por ela. 
Fim. 
Não estamos preparados para ele. 
Somos instantes, mas queremos ser eternidade.

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