Me chame do que quiser
Me chame pelo seu nome é um livro foda. Não assisti ao filme com medo de
que as palavras ali contidas sejam destruídas pela atmosfera que nem sempre o
cinema consegue recriar. Talvez o assista um dia, talvez. Mas o que tem de tão
diferente em um livro que conta a história de amor de um adolescente de 17 anos
por um professor mais velho que vem passar as férias de verão em sua casa em algum
lugar da Itália? Tudo. O protagonismo LGBTQ numa época em que ainda se matam
homossexuais no mundo inteiro apenas pelo simples fato de serem quem são, já é
por si só um soco no estômago. E tem o erotismo sutil em uma relação de amor
que poderia ser construída por qualquer um. Não é apenas um livro sobre gênero
ou sexualidade.
É um livro sobre seres que se amam e têm que aceitar que mesmo que isso
seja bom, vivem num mundo em que a hostilidade fala mais alto por vezes e a
gente é obrigado a usar máscaras que se moldam de tal maneira à nossa
personalidade que não sabemos mais o que é máscara e o que somos nós. O livro
nos desnuda, nos faz refletir sobre o que queremos ser e o que realmente somos.
Faz-nos descobrirmos.
Chorei copiosamente quando o finalizei. Por praticamente dez ou vinte
minutos, não sei, fiquei processando cada palavra lida e aquela história de
amor atemporal. Aprendemos que os amores vão e vem, mas indubitavelmente tem
aquele que marca a nossa existência e tatua a nossa alma, seja para o bem ou
para o mal. As histórias de amor são aprendizados e aprendi com o Élio e o
Oliver que elas precisam ser vividas, sem culpas, sem medo, sem neuras, afinal esse
breve instante que chamamos de vida, não pode ser apenas um aglomerado de
arrependimentos, mas uma coletânea de experiências.
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