Ainda não acabei de gostar de você
Já conto nos
dedos, como presidiário que conta sua saída do cárcere, o infeliz dia em que tu
deixarás de estar comigo. Já ouço o barulho do relógio batendo em compasso de
despedida, a ausência do seu cheiro nos lençóis da cama, a falta de sua bagunça
na cozinha. Tu vais, eu fico. Fico sem rumo, fico sem chão, fico sem você. Vais
porque é melhor pra ti, mas não melhor pra mim. Sou egoísta porque lhe quero ao
meu lado todos os dias dessa vida e das demais que possa lhe perseguir,
entretanto não mando nas suas vontades e apenas pego as chaves da porta em
minha mão esquerda enquanto lhe vejo passar o umbral desta pela última vez. Não vá, peço quase que em sussurro, ainda não
acabei de gostar de você.
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