Doentes de amor

Os sintomas já me eram conhecidos, afinal já havia sofrido desse mal há algum tempo atrás, no entanto, me surpreendi quando eles reapareceram. Mãos suadas, frio no estômago, coração descompassado. Juro que cheguei a consultar meus médicos virtuais, todos, um a um, desde o site do Dr. Dráuzio Varela até as perguntas débeis do Yahoo e nada. Tudo o que foi pesquisado demonstrava ser apenas sintomas aleatórios de alguma virose desconhecida. Tomei duas aspirinas – remédio base na lista de qualquer hipocondríaco – porém nada do incomodo passar.
A virose fora descoberta. Possuía nome, sobrenome, RG e umas duas contas bancárias no vermelho além de uma pendência antiga no SERASA. Não quis tomar remédio algum, muito pelo contrário, quis adoecer, padecer, prostrar-me diante daquele vírus letal que ia ao meu coração. P-A-I-X-Ã-O, assim com as sílabas separadas, entretanto trazendo os lábios, corpo, sentimentos colados, entrelaçados, juntos.
A paixão é uma doença, fato. Mas uma doença boa. Nos faz ter sintomas que são curados apenas pela presença, como se existisse algum fator energético desconhecido que fosse capaz de explicar tal feito. Faz-nos crianças bobas, alegres. Faz o nosso pensamento ser direcionado em todos os momentos do dia pra quem se ama, como um perseguidor, um psicopata, um maluco transtornado de um filme de Tarantino. Faz-nos doentes, doentes de amor.

Júlia Siqueira

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