Tiro ao alvo


Ela vinha caminhando em passos fortes e descompassados e chegou a minha casa com uma cara de preocupação que colocava qualquer atriz global no chinelo. Havia em seu rosto uma dramaticidade nunca vista por mim. O sofrimento estava arraigado e isso ela não fazia a menor questão em esconder, pelo menos de mim. Estou gostando de alguém, - me disse, e eu fiquei em silêncio tentando entender o motivo da apreensão se era uma coisa tão boa afinal. Disse assim: - Sim, e...? Acontece que não sei como agir, tudo é tão confuso pra mim! – respondeu-me. Pronunciei as seguintes palavras em tom de discurso, desses que não dizem coisa alguma mais de alguma forma nos nocauteia: - Gostar de si requer uma permissão que só pode partir de você mesmo, já gostar de alguém requer a permissão do outro. Tiros no escuro nem sempre acertam ao alvo que se pretende atingir!
Ela então se levantou do sofá, saiu e da porta me disse: - Irei arriscar! O nem sempre pra mim é a probabilidade de que posso acertar. E eu gosto de viver do perigo! Sorri e falei pra mim mesmo: - Eu disse as palavras certas!

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